quarta-feira, dezembro 21, 2005

Timothy Leary is back.



Bem, já que leio o Flashbacks do Timothy Leary, nada mais justo que transcrever partes interessantes do livro no blog, ai vai uma entrevista de emprego dele com McClelland de Harvard após Timothy ter escrito os livros “The interpersonal diagnosis of personality” e “existencial transaction”


Expliquei que existencial significava que a psicologia deveria trabalhar com pessoas em situações de vida reais, como o trabalho de campo de um naturalista observando o comportamento a partir de pontos estratégicos. Disse-lhes que deveríamos tratar as pessoas da maneira como são na realidade, e não impor a elas um modelo medico, ou qualquer outro modelo que seja.
McClelland acendeu um charuto italiano trançado e fez um gesto para que eu continuasse.
- Por transaction – disse eu -, quero dizer que os psicólogos não devem permanecer a parte de seus temas. Devem se envolver e se engajar nos eventos que estudam e entrar em cada experimento preparados para mudar, tanto quanto as pessoas que eles pesquisam, ou mais.
McClelland levantou uma sobrancelha e perguntou:
- O próprio cientista deveria mudar?
Pegou meu trabalho e o folheou com atenção. Servi mais vinho e fiquei imaginando se um dia ainda poderia viver de psicologia.
McClelland tirou os óculos e olhou para mim com um olhar ainda mais grave:
- O que você esta sugerindo neste livro é uma drástica mudança no papel dos cientistas, professores e terapeutas. Em vez de processarmos temas, estudantes e pacientes utilizando padrões uniformes e reconhecidos, deveríamos assumir uma abordagem igualitária ou de intercambio de informações. Não é isso?
- É isso que eu tenho em mente.
- Presumo que você espera que alguma organização educacional de reputação incontentável o contrate para implantar projetos de pesquisa práticos, que demandarão que a própria instituição mude.
- É isso mesmo – admiti.
Conclui que já estava na hora de pegar meu trabalho, montar na bicicleta de Susan e pedalar de volta para casa.
McClelland nos serviu mais vinho. Acendeu outro charuto e disse:
- Certo, acho que estou em condições de lhe oferecer um emprego em Harvard.
- Serio?
- Estou intrigado – respondeu o professor McClelland – Não há duvida de que o que você esta defendendo será o futuro da psicologia americana. Você não esta sozinho, há diversos figurões de nossa área – como Benjamin Spock, Carl Rogers, Abraham Maslow, Harry Stack Sullivan, Milton Gloaming – insistindo em que devemos enfatizar o potencial interno e o crescimento pessoal por meio da autoconfiança; assim, os pacientes não ficariam dependentes de médicos e dogmas autoritários. Você esta falando de estratégias inovadoras. Você é exatamente o que precisamos para sacudir as coisas em Harvard.



Pois é, parece que algumas coisas retrocederam de lá pra cá.. Hoje o predomínio na psicologia da escola Lacaniana volta ao núcleo familiar e abandona novamente a sociedade, voltamos ao período feudal onde a família ainda era o grande núcleo fundamental enquanto do outro lado da briga esta a ciência clássica e seus condicionamentos adaptativos a sociedade de consumo... A pergunta fica no ar, precisamos de um novo Boom na psicologia?

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Reflexao.


Não, a ciência não vai nos salvar. A evolução e o progresso não vão nos salvar. O mundo pode acabar. Não, a ciência não vai nos salvar.. e o tempo nublado la fora chora, a velha senhora que trabalha doze horas por dia para dar uma comida de segunda a seus filhos e então enchê-los de novela numa televisão 14 polegadas tambem chora, em uma sala suja que não pode varrer, pois ficou o dia inteiro trabalhando para outros. As lagrimas se transformam em decepção. Decepção pela pretensa neutralidade da ciência, decepção pela apatia e pelo tempo nublado, pelos sonhos não vivenciados, pelos sonhos sublimados, pelos sonhos catexiados em uma constante repressão. Exista, por favor, RESISTA, so mais um segundo, comigo, segure minha mão, eu sei que você pode! Eu sei! Agora! AGORA!

Continuamos afirmando como loucos que a pobreza, a fome a miséria são produtos do desejo do miserável e do faminto de se esfomear e se degradar, continuamos afirmando que tudo isso é vontade do iluminado -obscuramente iluminado -e apontamos os dedos até as nossas tripas para jogar a culpa nos outros e moralizar-nos, ó pai, somos tão normais e medianos! Estes outros, - a escoria - é feiúra e degradação! Não existe relação econômica mais, não existe relação social mais, não existe mais nada! Mais nada! Tudo é produto da infância do mundo, quando tudo se determinou, lá onde - ai sim - existia mudança... Não mais... A ciência não vai nos salvar. Vamos para o labirinto dos encantamentos, vamos forjar nossa cientificidade e amem, pasmem, olharão cabisbaixos nossos netos, pois o mundo não existe mais porque a ciência... a ciência não nos salvou.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

De quem é esse escrito?

Por trás dessa infância do individuo temos a promessa de uma imagem da infância filogenética- uma imagem do desenvolvimento da raça humana, do qual o desenvolvimento do individuo é, de fato, uma recapitulação abreviada, influenciada pelas circunstancias fortuitas da vida. Podemos calcular como é apropriada a asserção de Nietzsche de que, nos sonhos, “acha-se em ação uma relíquia primitiva da humanidade que agora já mal podemos alcançar por via direta”; e podemos esperar que a analise dos sonhos nos conduza a um conhecimento da herança arcaica do homem, daquilo que lhe é psiquicamente inato.
























Não amigos, isto não é uma escritura do doutor Jung e sim de nosso amigo barbudo, não Marx, mas sim Sigmund Freud. =)

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Série de 3 poesia: "do buraco a vida"




Buraco

A existência existe,
Bem aqui, bem aqui
Mas onde estou para conferir?
Tudo parece estar lançado no vácuo
E só as pequenas-grandes dores
A pequena-grande depressão consegue me ver,

Me escute, tin tin,
Bate o coração, mas a vida
Será que bate? Anda? Rebate?

Buraco negro abissal, tão pequeno e,
Descomunal, pois o desconheço,
Não vem idéias, não vem vida,
Não vem símbolo, não vem sentido,
Não vem tesão,
Bate, bate coração

E se bater faça nascer de novo pequenas flores,
Nos pequenos gestos, nos pequenos trejeitos,
Nos grandes momentos da vida
Tire de mim o que trava minha vida,
Quero morder de novo,
Abocanhar a existência


Buraco II

Os sonhos vão pela barca,
Seguindo a maré e as tempestades
E o fulcro entre o eu e o outro se insinua
No bater do sol e da agonia

Aos poucos a distancia aumenta aos poucos
A terra já bem pouco vista
O choro e os cantos melancólicos
Fazem chover pregos e solstícios
É a escatologia do apocalipse,
Eis um momento inesquecível

Toda luta pro viver parece agora em vão,
O conhecimento, a realidade, a ilusão.
No olhar ao horizonte agora vago
O transtorno que não tem sentido
Só a tristeza momentânea e mórbida
Entre intempéries mentais me mordo
Em qual Eon estará a salvação?
A luta entre eu e eu
Estou entre o inferno e a maldição

Me sinto aqui neste fogo,
Espetacularmente solipsista,
Entre marés de ódio e altruístas
Sento na praia e vejo o barco vagar
Para nunca...
Nunca mais ele voltar.


Ser-Só

E num canto vazio <--> o pó, as teias de aranha e o sol,
Brilhando em
Todo seu...............e
Resplendor <---> a dor, e as barreiras que evitam a vida, evitam a cor e os delírios do Éden, e os santos caídos na desgraça.
O espaço sideral, sideros, estelar, Nuit nos olha e vem me encantar, com seu brilho e toda sua imensidão, sou Nuit num universo de estrelas, nesta linda e sacro-santa constelação,
Estou
E agora,
Brilho e vivo,
...............................Morro,
................................Sofro,
.................................Adoro,
..................................Desejo,
...................................Existo,
....................................Junto, num <--
Atavismo amorfo
Que,
Me revela
Quem sou........................... um triste alegre ente, lotado de nous.