terça-feira, maio 19, 2009

Tempo



Estava lendo o antigo blog em que escreviamos eu, João H., A. Guerra e Mr.Poulain, o famoso, ou não tão famoso assim, Diálogos Casuais (http://dedoscruzados.blogspot.com/). E que sentimento de nostalgia! Há pouco, vejam só, e parece tanto... e aquele atravessamento de uma lembrança vivida, de uma esperança semi-morta de uma grande transformação.



Não que nesta época eu fosse tão ingenuo quanto há anos antes, no auge de minha adolescência, quando gritava com as roupas, os cabelos e até mesmo com a boca! palavras de (des)ordem, acreditando que o mundo poderia mudar de forma radical de um momento para o outro. Agente da revolução.


Mas, este sentimento de transformação, esta função transcendente in loco é algo de extremamente prazeroso e produz, no mínimo, uma mutação subterranea, nas entranhas. Sinto que o que sinto é algo de mais coletivo para um novo estágio da vida, aquele do trabalhador, do pai de família. Uma constelação, forma vazia atualizada pelos destroços contemporâneos.


Claro, traz muitas belezas singulares, no entanto, na compreensão da sombra, o quanto traz de tenebroso! O tempo se desvela de vez com seus ares mais perversos, o engolidor! Não é por menos que seu filho teve que abrir sua barriga e castrá-lo! Dinâmica compreensível quanto se vive este tipo de correria.


É um tempo que se você não o acompanha, com produtividade a mil, você é atropelado, massacrado, ferido, desqualificado. E, por outro lado, se você o segue, você se torna um quase-fantoche, manipulado pelas pressões atmosféricas. Do coração aos poucos é apagada aquela esperança, aquele calor tropical.


Típico tempo do capitalismo. Nestas horas é mais difícil levar a ferro e fogo as considerações sartreanas de liberdade, quer dizer, quando se está além do próprio ego, quando se está além de si na construção de uma família, o terror é mais tenebroso, a sombra se torna maior, tal como a luz, evidentemente. A enantiodromia funciona de forma mais radical, e haja couraça, haja carapaça para segurar a peteca!


Os povos do mundo inteiro, submetidos a condições desumanas, e mesmo aqueles de classe média, submetidos a lógica do capital, são verdadeiramente heróicos por suportarem tamanha carga. A imagem não tão heróica é a do jumento. Isso não significa, en conséquence, que sejam todos limpinhos e bonitinhos! Ideologias obscuras e trejeitos desumanos se constituem no seio dos dominantes e dos dominados. Mecanismos de poder, ações de poder-sobre atrevessam as menores e mais singulares veredas e transformam a multi-colorida auto-poiesis, a auto-gestão, em artimanhas de exclusão e dominação. O império se alastra sem bandeiras!


O olhar se torna cinza. O espetáculo da vida real exige um esforço sobre-humano para ser superado pela experiência humana, possibildiade de possibilidade. Uma relação autêntica, um sorriso, em algumas circunstâncias, são atos revolucionários!

quarta-feira, maio 06, 2009

Morto no Império.

Para uma dinâmica perversa, uma rosto apático surge no horizonte. Atravessado pelo odor do capital. Axiologia diabólica, mirabolante, tramada mais pela lógica das relações capitalistas do que por sujeitos com poder, dinheiro ou fama, não que, é evidente, os sujeitos concretos/individuais não tenham suas culpas, suas responsabilidades, o que é preciso ser dito.


O império nos atravessa com pouco, quase nenhuma, mediação. Sem pátria, sem rosto. Onipresente. Resistimos a uma entidade invisível e os ciclos de resistência não se alastram mais. Existem mais como rápidos fluxos de aparecimento/desaparecimento. Ou são continuas construções que ficam a margem do Big Eye.


Dia-bólico é aquilo que, ao contrário de sim-bólico, afasta. O que afasta é o que mata, pulsão de morte psicanalítica, porém, está longe de ser algo do jogo particular/universal/particular. Afastados como reificação, monadas reais, como se a noção leibziniana presentificasse de uma vez por todas. E a política da imanência grita ainda, como um grito primal, um rugido, de um deus pagão enlatado.


É a experiência comunicável? Como pode na era da globalização, das redes, da internet, esta pergunta ainda ser formulada?


Desenhei, pois não haviam mais palavras, para lhe comunicar o horror.




sexta-feira, maio 01, 2009


Capitlismo a céu aberto.


Algo meramente objetivo cruzou comigo hoje,
Me encostou,
Mas não me tocou,
Me olhou,
Mas não me viu,
Me derrubou,
E me deixou no chão