sexta-feira, agosto 21, 2009

Nós, os drogados



Queridos e queridas, vou tentar este final de semana colocar um texto sobre o tema “história das drogas” que escrevi há algum tempo, com alguns aprimoramentos, aqui no blog.

Sobre o tema “Drogas”, hoje (21/08) ocorre na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) o início da “Comissão Sobre Drogas” que discutira o tema (confira em: http://oglobo.globo.com/blogs/sobredrogas/posts/2009/08/14/comissao-sobre-drogas-tera-juristas-banqueiros-celebridades-214260.asp ), no entanto, acho infeliz que o dialogo sobre o assunto se dê em portas fechadas, sem proximidade a ativistas da legalização e de trabalhadores da saúde mental (CAPS ad).

De qualquer forma a Comissão procurará re-ver as leis atuais, pensando nas alternativas como a descriminalização, fim da punição ao porte de pequenas quantidades de maconha e, o que eu achei mais interessante, a possibilidade do usuário de maconha ter sua plantação caseira sem ser punido. Ou seja, estas medidas podem ter efeitos muito positivos para contornar a atual hipocrisia vivida na nossa legislação e política, assim como, permitir um duro golpe no crime organizado.

Ademais, um projeto para a legalização da cannabis para consumo pessoal está sendo produzido pelo bloco de esquerda em Portugal ( http://www.stopthedrugwar.org/ ou aqui: http://www.psicotropicus.org/publicacoes ) que desde o início do século XXI já avançou muito na superação das legislações proibicionistas que resultaram em fracassos terríveis do ponto de vista humano e social.


Nota: Acerca do título me inspirei em Craig McClure:


“Gostaria de apresentar três observações que tenho feito quanto à resposta ao HIV no que se relaciona ao uso de drogas e à redução de danos.Todas são baseadas no medo. Minha primeira observação é como continuamos a falar de pessoas que usam drogas como “o outro”. Empregamos os termos “usuários de drogas” e “pessoas que usam drogas” como se alguns de nós não usássemos drogas. Mas, cá entre nós, quem não usa alguma droga que altera o humor, a consciência da dor, ou nosso estado físico ou emocional? Um alucinógeno, um estimulante, um comprimido de ecstasy, um tranqüilizante. Até os últimos três presidentes dos Estados Unidos admitiram ter usado algumas delas. Uma cerveja, um copo de vinho, uma dose de uísque. Um cigarro. Uma xícara de café ou de chá. Um remédio para dor, um antidepressivo, um valium, uma pílula de dormir.Somos todos pessoas que usam drogas e a nossa recusa em admitir isso é a expressão do medo de que “nós” seremos transformados ou vistos com um “deles”. Enquanto continuarmos definindo o usuário de drogas como “o outro” e definindo a droga em si como o problema, estaremos presos nos nossos mal conduzidos e danosos programas e políticas”.
obs2: Na foto Tim Leary, J. Lennon, et al.